EDUCAÇÃO

Professor da Ufes denunciado por racismo não tem processo concluído.

Reitor informou que vai tomar decisão até o final da semana.

Em 04/11/2015 Referência JCC

Um ano depois de ser denunciado por racismo em uma sala de aula da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o professor Manoel Luiz Malaguti ainda não teve o seu futuro decidido na instituição.

O processo disciplinar aberto contra o professor foi elaborado por uma comissão e aguarda a decisão do reitor.

A Coordenação de Procedimentos Disciplinares da Ufes informou, nesta terça-feira (3), que o reitor Reinaldo Centoducatte deve chegar a uma conclusão sobre o caso até o final desta semana.

O professor Manoel Luiz Malaguti foi procurado pelo G1 nesta quarta-feira (4), mas não atendeu as ligações.

Denúncia
No dia 3 de novembro de 2014, Manoel Luiz Malaguti foi denunciado por alunos por ter dito frases de caráter racista e preconceituoso durante uma aula. O professor teria dito que “detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro”, por exemplo.

Na época, os alunos protestaram contra a permanência do professor na universidade. Ele chegou a ficar suspenso por 30 dias, mas depois voltou a dar aulas normalmente. “Ele disse que os negros e pobres não tinham acesso à cultura, deixando claro que eles não atingiram o nível cultural dos brancos. Em seguida afirmou: ‘Estudantes cotistas diminuem a qualidade da universidade”, relatou uma aluna de 19 anos, na época.

Malaguti
Em entrevista após o ocorrido, o professor negou ter dito que “detestaria ser atendido por um negro”, mas reafirmou a escolha por um médico branco, caso tivesse que optar entre um esse profissional e um, de mesmo currículo, só que negro.

“Em função da possibilidade estatística de esse médico branco ter tido uma formação mais preciosa, mais cultivada, eu escolheria o médico branco. Mas eu disse isso como um exemplo do que a sociedade faz”, falou Malaguti na ocasião.

Apesar de confirmar a afirmação, o professor disse não ver qualquer tipo de preconceito em sua fala. Segundo ele, a explicação é “biológica e genética”.

“Há uma dificuldade muito grande de se livrar desses conceitos e preconceitos que tem uma família desprivilegiada, sem acesso à cultura, à literatura, a outros idiomas e a meios de comunicação sofisticados. Obviamente, essas famílias terão maiores dificuldades de enfrentar um curso universitário naquilo que ele se propõe. Então, há uma maior dificuldade do cotista negro, o que não quer dizer que ele é inferior”, destacou.

Fonte: G1-ES