SAÚDE

Proibir não é o melhor caminho para educação alimentar das crianças

Especialista comenta lei que quer proibir venda de refrigerantes e outras bebidas.

Em 28/08/2018 Referência JCC - Cristiano Parente

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No Senado Federal, tramita um projeto de lei (PLS 346/2018) que prevê a proibição da distribuição e venda de bebidas como refrigerantes, néctares, refrescos, chás prontos e bebidas lácteas nas escolas de educação básica públicas e privadas. O projeto avança e está em análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Contudo, merece também a análise mais aprofundada por parte da sociedade.

É preciso compreender o motivo dessa proibição. Ninguém questiona os males causados pelo excesso de açúcar ou de carboidratos em geral. Nesse sentido, de igual maneira, muitos outros excessos são nocivos à saúde. São maléficos o excesso de gordura, de proteína e, acredite, até mesmo água em exagero.

Outro ponto relevante que deve ser observado é o que acontece com nossos mecanismos psicológicos e conexões neurais quando simplesmente somos proibidos de algo que gostamos. Todos ficam mais ativados, mais reforçados, e o pensamento passa e volta o tempo todo sem parar. Ou seja, aumenta o desejo e a busca por aquilo que não se pode. Vira obsessão, uma compulsão quando se consegue. Forma-se, então, uma espécie de ciclo vicioso. Mecanismos alternativos são criados para alcançá-los.

Surgem problemas sociais relacionados com o acesso ao proibido. E o quadro se agrava quando o público afetado é formado por crianças, que não têm maturidade emocional ou cognitiva para entender esse circuito. Educar, ensinar o que é, saber as consequências, como compensar, quanto tomar, qual é a diferença existente entre saborear e engolir de uma vez, tudo isso faz parte de uma solução muito mais eficaz do que pura e simplesmente proibir por meio de lei. A educação e conscientização sempre serão os melhores caminhos para mostrar o que é certo e o que pode trazer riscos, problemas e consequências.

Quem pensa nesses projetos proibitivos e não educacionais segue na mão contrária à evolução da sociedade. Infelizmente o nosso país está repleto de pessoas com essas filosofias. São pessoas que ficam criando soluções populistas, fazem estardalhaço e mexem com o sentimento de quem tem menor grau de educação, instrução e discernimento. Precisamos urgentemente rever essa forma pela busca de soluções. O voto é o nosso grande motor dessa necessária transformação.