POLÍTICA NACIONAL

PROS apoia impeachment, e PSOL e Rede reforçam apoio ao governo.

O deputado Alessandro Molon, da Rede, lembrou que o partido está dividido.

Em 17/04/2016 Referência JCC

Enquanto o PROS, representado pelo deputado Ronaldo Fonseca (DF), anunciou que votará a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, outros dois partidos reforçaram apoio ao governo: PSOL e Rede. O PROS, segundo Fonseca, chegou a uma decisão depois de “muito esforço e conversa” e reconhece que todo o ato de análise e votação do impedimento está previsto e assegurado pela Constituição Federal.

“Não há golpe. A Constituição nos garante e respalda este ato”, afirmou. Segundo ele, “ninguém mais suporta isto”, ao comentar os gritos de governistas que classificam o processo como golpe. Apesar da decisão da bancada, Fonseca disse que não há fechamento de questão e chegou a cumprimentar o colega Odorico Monteiro (CE), que anunciou que votará contra. “Respeitamos o seu voto. O Brasil quer uma decisão e o PROS não negará essa decisão”, afirmou.

A artilharia pela derrubada do processo foi engrossada pelo PSOL. O líder do partido, Ivan Valente (SP), atacou diretamente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente da República, Michel Temer, acusando os dois de conduzirem o processo. Valente chegou a mencionar uma matéria publicada pela Revista Exame que afirma que Cunha recebeu propina de R$ 52 milhões em 36 vezes, de Ricardo Pernambuco Júnior. “Ele continua balançando a pança e comandando uma massa de deputados que segue suas orientações nesta Casa. Este espetáculo conta com apoio de muitos parlamentares”, afirmou.

Ivan Valente afirmou que o impeachment é resultado da ânsia de vingança de Cunha aliada ao que classificou como covardia do governo. “Está em curso a ruptura com o Estado Democrático de Direito, um golpe institucional feito em prestações. Temer não teve nenhun voto, nem 1% das intenções, e 60% da população o rejeita e quer seu impeachment. Na verdade, ele também assinou as pedaladas. O que temos à frente é um retrocesso a liberdade e direitos civis”, alertou. Para o líder do PSOL, a aprovação do impeachment trará para o país um governo “ilegítimo, impopular e sem legitimidade”.

O mesmo tom de discurso foi adotado por Alessandro Molon (Rede-RJ), que anunciou que a bancada foi liberada por estar dividida em relação ao tema. Molon explicou que quem está a favor do processo dentro da legenda quer, na verdade, uma investigação séria e um julgamento justo que apure todas as denúncias. Segundo ele, diferentemente de aliados de Cunha que, segundo ele, fazem uma troca que tem como moeda, de outro lado, a suspensão do processo de Cunha no Conselho de Ética, que se arrasta desde novembro do ano passado. “Este processo pela sua gravidade não poderia jamais ser presidido por um réu no STF por corrupção e lavagem de dinheiro. Isto mostra que o que está acontecendo nesta tarde nada tem a ver com combate à corrupção. Se tivesse, o líder deste processo não seria certamente Eduardo Cunha”, afirmou.

Molon defendeu que a impunidade tem que ser combatida, mas alertou que “há os que apoiam o processo para esvaziar [as investigações da Operação] Lava Jato e desfazer algo que as urnas construíram. “É direito do povo brasileiro escolher quem vai governá-lo. Não esta Casa”, afirmou. Ao comentar frases entoadas pelo líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), no início da sessão, Molon afirmou que tomou sua decisão e vai entrar na história como “alguém que seguiu a sua consciência e soube se colocar acima de pressões e ameaças. "Serei um juiz justo de acordo com minha consciência. O que move este processo é por qual porta se quer entrar no Palácio do Planalto: se pela porta da frente ou pela porta dos fundos, como traidores da democracia”, concluiu. Na primeira fase de debates sobre o pedido de impeachment, ontem (16), Molon posicionou-se contra o impeachment.

Fonte: EBC