POLICIA

Réu na Lava Jato, Marcelo Odebrecht presta depoimento à Justiça Federal

Audiência ocorre na manhã desta sexta-feira (30), em Curitiba.

Em 30/10/2015 Referência JCC

A Justiça Federal do Paraná continua a ouvir, nesta sexta-feira (30), os réus do processo originado na Operação Lava Jato que apura pagamento de propina a funcionários da Petrobras, envolvendo executivos da empreiteira Odebrecht que, junto com a construtora Andrade Gutierrez, foi alvo da 14ª fase da operação, deflagrada em junho deste ano.

Serão ouvidos a partir das 9h30: os ex-diretores Marcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo e o presidente da holding Odebrecht S.A., Marcelo Bahia Odebrecht. Todos estão presos no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Marcelo Bahia Odebrecht é acusado de organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de capitais neste processo. É a primeira vez que ele participa de uma audiência da Lava Jato na Justiça Federal. Os outros dois réus Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo respondem pelos mesmos crimes.

Este é o terceiro dia de depoimentos das pessoas denunciadas nesta ação penal pelo Ministério Público Federal (MPF), com base nas investigações da Operação Lava Jato. As audiências estão sendo realizadas na capital paranaense.

Outros depoimentos
Na quinta (29), o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, ouviu o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco e três executivos ligados à Odebrecht, mas que já deixaram as atividades na empreiteira – Alexandrino Alencar, Paulo Boghossian e César Ramos Rocha.

Barusco, que é delator da Lava Jato, afirmou que tratava de pagamentos de propina com o diretor Rogério Araújo, também réu da ação, e que já deixou a empresa. O ex-gerente disse que sempre recebia propina da Odebrecht em contas na Suíça. “Eu só verificava na conta se caiu determinada quantia, mais nada, quem tratava tudo era a Odebrecht”, afirmou Barusco ao juiz. Ele disse, ainda, que o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto também recebeu dinheiro de propina da Odebrecht.

Já os três ex-executivos da construtora ter participado ou ter conhecimento de irregularidades.

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa prestaram depoimentos à Justiça neste processo, no dia 21 deste mês.

Também é réu neste processo o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que era chefe de Barusco à época em que aconteceram os desvios de dinheiro investigados pela Lava Jato. Ele, no entanto, deverá fechar os depoimentos dos réus, no dia 3 de novembro.

Fase final
Após o depoimento dos réus, o processo criminal chegará à fase final em primeira instância. Moro deverá marcar datas para que o MPF e as defesas apresentem as alegações finais à Justiça Federal. Após a entrega dos documentos, o juiz deverá definir a sentença, condenando ou absolvendo os réus. Independente do resultado, caberá recurso aos réus e ao MPF, se discordarem da decisão em primeira instância.

Além desse processo, os executivos da Odebrecht respondem a outro, que foi aceito pela Justiça Federal neste mês.

Lavagem de dinheiro
Para o MPF, a Odebrecht montou uma sofisticada rede de lavagem de dinheiro. Com isso, a companhia pôde pagar propinas a executivos da Petrobras para fechar contratos com a estatal.

As denúncias partiram de depoimentos de ex-funcionários da Petrobras, como o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça e detalhou o funcionamento do esquema.

A Odebrecht é uma entre as várias empresas investigadas na Lava Jato, deflagrada em março de 2014 e que tem apurado desvios de dinheiro da Petrobras.

A 14ª fase da operação, deflagrada em junho deste ano, culminou na prisão de Marcelo Odebrecht e de outros executivos ligados à empresa.

Esquemas
Um dos esquemas envolvendo a Odebrecht ocorreu na construção do Centro Administrativo da Petrobras em Vitória, no Espírito Santo, segundo o MPF. Outro caso investigado envolveu a Braskem, empresa do grupo Odebrecht, em um contrato com a Petrobras para compra de nafta, que teria dado um prejuízo de R$ 6 bilhões à estatal petroleira.

Nesta transação, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria recebido propinas de R$ 5 milhões por ano e passado parte do dinheiro para o ex-deputado José Janene (PP), já falecido, e depois ao próprio Partido Progressista, afirmou o procurador.

G1