ESPORTE INTERNACIONAL

Reverenciado, Bolt estreia nos 100m e dá o seu primeiro passeio no Rio.

Jamaicano recebe carinho da torcida no Engenhão, não faz muito esforço e avança.

Em 13/08/2016 Referência JCC

Aquele carisma estava sendo poupado para aparecer no momento certo. Desde que chegou ao Brasil, Usain Bolt mostrou que a briga pelo histórico tricampeonato olímpico nas provas de velocidade é tratada com seriedade. Sem circular pelo Rio de Janeiro, guardou seu primeiro ''passeio'' para o lugar preferido: a pista. Neste sábado, em um Engenhão cheio de torcedores e de reverências, o Raio fez o que se esperava e nem se forçou muito para avançar às semifinais dos 100m. Com quarto melhor tempo da eliminatória, foi mais devagar que o principal oponente, Justin Gatlin.

- Estou feliz em ser o primeiro da chave. Não foi a melhor corrida. Não estou acostumado a correr cedo assim em nenhuma competição. Então, espero que amanhã de noite volte melhor. Estou aqui para isso. Meu foco é fazer meu melhor, executar bem. Amanhã vou buscar isso - disse Usain Bolt.

Apontado por muitos como o adversário número 1 de Bolt no Rio, Gatlin correu na segunda bateria da eliminatória. O americano liderou o balizamento com o tempo de 10s01 e também não precisou forçar muito nos metros metros. Atual vice-campeão olímpico, o jamaicano Yohan Blake veio na sexta bateria e venceu com 10s11. O segundo mais rápido da manhã foi Meité Ben Youssef, da Costa do Marfim, com 10s03. Bronze no último mundial, o canadense Andre De Grasse foi o terceiro melhor, com 10s04.

A expectativa estava toda na sétima das oito baterias da eliminatória. Quando o astro entrou na pista, o Engenhão ficou de pé aos gritos contínuos de: ''Bolt, Bolt, Bolt''. Ao ser mostrado no telão, saudou a torcida e fez o tradicional gesto ao pedir silêncio para o tiro da largada. Neste momento, Bolt percebeu que calar o público brasileiro talvez fosse a façanha mais complicada de sua eliminatória. Na pista, ficou claro que não quis forçar muito. Liderou sem sustos o balizamento e nitidamente se segurou nos metros finais. Sabe que neste domingo, quando disputa as semifinais e a final, precisará de energia sobrando.

Havia certa desconfiança sobre como o jamaicano se apresentaria em sua estreia olímpica no Rio. No começo de julho, Bolt sofreu uma lesão na coxa que o tirou da seletiva olímpica de seu país. Precisou correr uma disputa em Londres, há três semanas, para provar que estava 100% recuperado e foi convocado para defender seus três títulos: 100m, 200m e revezamento 4x100m. 

Bolt desembarcou no Rio bem antes do início de sua competição. Chegou há duas semanas e, inicialmente, ficou com sua delegação em um um hotel isolado, perto de seu local de treinamento. Foram sete dias de reclusão e treinamento. Ao lado de seus compatriotas, entrou oficialmente na Vila dos Atletas apenas dois dias antes da abertura da Olimpíada. Por lá, evita circular em áreas comuns.

Além dos treino fechados, apareceu somente naqueles compromissos essenciais, como a coletiva do time jamaicano. Falou duas vezes com a imprensa, sendo uma vez no evento de imprensa com direito a presença de sambistas e passistas. Sempre sorridente, até se arriscou em alguns passinhos.

Globo Esporte