CULTURA

Rio recebe exposição sobre cotidiano das favelas em 1960.

Fotografias retratam o cotidiano e como era a estrutura das favelas cariocas nos anos 60.

Em 01/10/2015 Referência JCC

Até o dia 10 de janeiro de 2016, o Museu da República, no Rio de Janeiro, recebe a exposição fotográfica "O Rio que queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds".

As fotos, resultado do trabalho do antropólogo norte-americano Anthony Leeds, que viveu com a esposa, a cientista política Elizabeth Leeds, nas comunidades do Tuiuti e do Jacarezinho, na zona norte do Rio, mostram o cotidiano e a estrutura das favelas cariocas na década de 60.

As imagens, algumas inéditas, mostram quando as favelas foram removidas de áreas consideradas nobres pelo setor imobiliário na época para conjuntos habitacionais, entre elas, a Macedo Sobrinho, no Humaitá, zona sul da cidade, em que os moradores foram transferidos para conjuntos habitacionais em áreas mais distantes, como Vila Kennedy e Cidade de Deus, na zona oeste.

Também estão expostos manuscritos de Anthony Leeds. “Espero que vejam as fotos com a sensibilidade com a qual elas foram tiradas”, disse Elizabeth Leeds, mulher do antropólogo.

A mostra ocupa dois espaços, um nos jardins e outro no casarão do Museu da República, e foi inaugurada na última terça-feira (22) com a presença de Elizabeth Leeds, que cedeu o acervo do casal para a Casa de Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz.

O casal permaneceu no Brasil até 1969 e deixou o País por causa da ditadura militar, retornando em meados dos anos 80. Anthony Leeds morreu em 1989. Elizabeth continuou as pesquisas com apoio da Fundação Ford. Entre 1997 e 2003, passou a ajudar projetos de segurança pública e de reforma da polícia. e participou da fundação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com sede em São Paulo. Atualmente, ela é presidente de honra do fórum.

Antes da inauguração da mostra, a cientista política participou do primeiro dia de debates do seminário sobre o trabalho do casal, evento promovido pela Fundação Oswaldo Cruz, pelo Ministério da Cultura e Museu da República.

Estudos sobre as favelas

De acordo com a antropóloga Yvonne Maggie, que fez dois cursos com Anthony Leeds, um deles durante a ditadura militar, a presença do norte-americano provocou uma mudança na antropologia brasileira, por estimular a pensar sobre a diversidade.

“Ele influenciou muito os estudos de favela, não somente do ponto de vista quantitativo e estatístico, mas do ponto de vista daquela pessoa que vive e está ali, você descreve, você reconhece. Ele fez uma antropologia na cidade e não da cidade. Isso é muito importante para a gente ver como esta ideia de cidade partida é complicada", ressaltou.

Fonte: Portal Brasil, com informações da Agência Brasil