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Rota Imperial completa 200 anos de história, no ES.

Palácio Anchieta é o marco zero de um percurso de 575 km rumo ao interior.

Em 26/02/2016 Referência JCC

O Palácio Anchieta é o marco zero de um percurso de 575 km rumo ao interior do Espírito Santo, repleto de belas paisagens, histórias e tradições construídas ao longo de séculos. De Santa Leopoldina a Irupi, a Rota Imperial São Pedro D’alcântara – criada para ligar Vitória à Ouro Preto, em Minas Gerais – completa 200 anos em 2016, carregando consigo o mérito pelo desenvolvimento de toda a região Sul do estado.

A Rota Imperial insere o Espírito Santo no âmbito da Estrada Real, cujos caminhos foram abertos pela Coroa Portuguesa em meados do século XVII, oficializando o trajeto do ouro de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, onde o metal precioso encontraria a saída para o mar sem a necessidade do pagamento de impostos.

No entanto, conforme explica o historiador João Euripedes Franklin Leal, a Rota Imperial só foi inaugurada tempos mais tarde, em agosto de 1816, quando o declínio da exploração do ouro em Ouro Preto forçou a expansão por novos caminhos.

Antes disso, a capitania do estado funcionava como uma barreira natural para impedir o contrabando do ouro e, por isso, a abertura de estradas era proibida.

Atravessando montanhas, rios e florestas nativas, a nova Rota permitiu que imigrantes vindos tanto de Minas Gerais, quanto de Vitória ocupassem o Sul do estado em busca de terras férteis para sobreviverem. Dos quartéis – espécies de postos policiais montados ao longo do trajeto – ergueram-se vilas, que mais tarde deram origem às cidades atualmente conhecidas, a exemplo do município de Iúna.

rota imperial espírito santo (Foto: Arte/ A Gazeta)

“Vieram imigrantes italianos, alemães pomeranos, tiroleses, austríacos. Todos eles contribuíram para a consolidação da cultura nessa região, com suas tradições folclóricas, alimentação e religiosidade”, ressalta o historiador.

Há cerca de 100 anos, a Rota Imperial foi quase esquecida devido à implantação da estrada de Ferro Leopoldina, que ligava Minas Gerais à Cachoeiro de Itapemirim. Graças ao trabalho de investigação de Leal junto ao Instituto Estrada Real, a memória de anos de conquistas foi reacendida. Às cachoeiras e paisagens, somam-se hoje sítios, pousadas e restaurantes, atraindo visitantes de outros locais.

Para além de sua importância histórica, Leal destaca o potencial turístico da Rota Imperial, capaz de estimular o desenvolvimento econômico dos 15 municípios que a compõem. “A partir do momento em que os moradores conhecem sua história, eles passam a valorizar sua região. Isso evita, inclusive, a migração de pessoas para os centros urbanos”, explica.

Fonte: G1-ES