MEIO AMBIENTE

Samarco deve resgatar peixes antes de lama chegar ao ES, diz governo.

Empresa deve recolher animais, separar em tanques e, depois, devolvê-los.

Em 12/11/2015 Referência JCC

Um audacioso plano de resgate da fauna aquática deve ser colocado em prática pela Samarco antes de a onda de lama e rejeitos de minério chegarem ao trecho do Rio Doce no Espírito Santo.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos quer que a Samarco recolha do Rio Doce a maior quantidade possível de peixes, insira-os em tanques apropriados e, depois, solte-os novamente no rio, assim que o nível de poluição deixar de ser uma ameaça às espécies.

Segundo o boletim emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de lama deve chegar a Baixo Guandu, nesta sexta-feira (13). Já em Colatina, a previsão é que chegue entre o sábado (14) e o domingo (15). Em Linhares, última cidade a ser afetada pela onda de lama, deve chegar entre a segunda (16) e a terça-feira (17).

Por nota, a Samarco  informou que recebeu o auto de intimação do Iema no último domingo (8) e que está tomando as providências relacionadas no documento. Reiterou que as ações imediatas já foram iniciadas e as demais estão sendo executadas dentro do prazo estabelecido.

O secretário da pasta, Rodrigo Júdice, garante que essa operação é viável, mesmo que uma quantidade mínima de espécies seja resgatada.

“Tem que ser uma atitude imediata. Os peixes estão tentando sobreviver desesperadamente. Muitos pulando fora da água. O mínimo que for salvo é muito, diante dessa tragédia ambiental”, destacou.

Estima-se que a enxurrada, que é muito densa, tem se movido a uma velocidade de 1km/h. O prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, também defende a viabilidade do resgate dos peixes antes que a onda de lama se aproxime do Espírito Santo.

“A lama é avermelhada e tem um cheiro horrível, sem vida. Os peixes devem ser coletados antes que morram todos. Ainda dá tempo de salvar alguma coisa”, afirmou o chefe do executivo, que visitou a região de Valadares e Tumiritinga, nesta quarta-feira (11), para ver de perto onde a massa lama.

Destruição
Por onde passa, a enxurrada de lama deixa um severo rastro de destruição ambiental. O biólogo Marco Bravo ressaltou que, além da mortandade, a lama deve desencadear uma série de problemas na cadeia alimentar do rio e do mar, causando até o sumiço de algumas espécies.

“Quando essa lama chegar a Regência, Linhares, há peixes endêmicos que vivem no estuário (encontro do rio com o mar), como tipos de robalo, que vão sofrer o impacto”, disse.

O secretário Rodrigo Júdice alerta também que a onda poluidora afeta diretamente as comunidades pesqueiras, que vivem às margens do Doce e dependem da atividade para sobreviver. Uma delas é a de Mascarenhas, onde mais de 700 moradores dependem, direta ou indiretamente, da pesca. “A Samarco também deverá indenizar quem ficar impossibilitado de pescar”, falou.

Nível do Rio Doce
O nível do Rio Doce em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, caiu mais de 40 centímetros de um dia para o outro, após a passagem da onda de cheia, que antecede a lama proveniente das barragens de rejeitos rompidas em Mariana, Minas Gerais. Nesta terça-feira (10), o rio estava em 173 centímetros e, nesta quarta (11), apontava 130 centímetros na régua da Agência Nacional das Águas.

Segundo o boletim emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de lama deve chegar a Baixo Guandu, nesta sexta-feira (13). Já em Colatina, a previsão é que chegue entre o sábado (14) e o domingo (15). Em Linhares, última cidade a ser afetada pela onda de lama, deve chegar entre a segunda (16) e a terça-feira (17).

Fonte: G1-ES