ECONOMIA CAPIXABA

Seca e granizo prejudicam plantações de café no Norte do ES.

Expectativa é de que em 2016 a produção seja 30% menor que em 2015.

Em 11/01/2016 Referência JCC

A previsão para o ano de 2016 é de pessimismo para produtores de cerca de 2.500 propriedades rurais que produzem café Conilon, em Vila Valério, o segundo maior produtor do grão no Espírito Santo.

O ano de 2015 não foi fácil para os produtores de café devido à seca e, para piorar, na última semana do ano, uma chuva de granizo destruiu boa parte da lavoura. As perdas estimadas para 2016, que já seriam grandes, agora serão ainda maiores por causa desse temporal.

O produtor de café Josias Schmitt teve prejuízos grandes com a seca e, principalmente, com a chuva de granizo, que o fez perder 70% da lavoura.

“Com a seca ainda conseguia irrigar alguma coisa, mas a chuva de granizo fez estrago na plantação”, comenta o produtor, que colheu 180 sacas em 2015, e pretendia colher 280 sacas em 2016. Mas, com a chuva, acredita que não irá conseguir colher nem 100 sacas na colheita de maio.

Josias não é o único nessa situação. Os irmãos Evandro e Emerson Raasch perderam toda a produção.

“Em 2013, produzimos 700 sacas de café, mas devido à longa estiagem fechamos 2015 com a produção de 300, e agora a chuva acabou com tudo. Fizemos uma poda brusca na lavoura, a previsão é que somente em 2018 a gente volte a colher”, diz Evandro.

Segundo o extensionista rural do Incaper, Édion Maiquel, a chuva de granizo ajudou a destruir a plantação, que já sofre com a estiagem desde 2013.

“A situação é ruim. A expectativa é de que em 2016 a produção seja de 400 mil sacas de café conilon, quase 30% a menos que em 2015, onde foram produzidas 550 mil sacas do grão. Tem produtor que está deixando de irrigar as lavouras adultas para irrigar as novas. Um outro problema é que a população que vive na cidade depende da roça, o comércio já está sentindo a diminuição nas vendas”, finaliza.

Chuvas
Além da chuva de granizo que destruiu parte da produção, a seca em 2015 castigou a cidade. Durante o ano, choveu 450 milímetros, quando o normal para a cidade é 1.150 milímetros, ou seja, menos da metade da média de chuva registrada.

Ainda de acordo com o Incaper, historicamente, 2015 foi o pior ano em relação à chuva desde que as medições começaram a ser feitas no município, há 20 anos.

Produtores tentam renegociar as dívidas com bancos
Os problemas também afetaram as contas dos produtores, que precisaram renegociar suas dívidas, feitas, na maioria das vezes, para que pudessem adquirir maquinário tecnológico para melhorar o trabalho no campo.

O produtor Josias Schmitt também precisou renegociar o empréstimo que fez no banco para investir em tecnologia na produção de café. “Devido à redução da safra e à perda da lavoura, precisei aumentar as parcelas. Paguei 20% do que devia e coloquei o restante para mais quatro anos”, comenta.

Para que os produtores consigam renegociar as dívidas, o Incaper está fazendo vistorias nessas propriedades e emitindo laudos para que os produtores deem entrada no seguro que eles fazem quando adquirem financiamento em bancos, que prevê indenização quando há perdas.

Além disso, para facilitar essas renegociações, é necessário que o município decrete situação de emergência. Mas a Prefeitura Municipal de Vila Valério ainda não entrou com o pedido por causa da seca e da chuva de   granizo  .

“Os decretos tanto para a situação de emergência devido à seca quanto para as perdas pela chuva de   granizo  já estão prontos e seguem para a Defesa Civil do Estado na segunda-feira (hoje)”, afirma o prefeito de Vila Valério, Luizmar Mielke.

Segundo a Defesa Civil Estadual, 32 municípios decretaram situação de emergência. Desse total, 29 são por causa da seca que atinge o Estado, sendo que 21 municípios estão na região Norte e Noroeste.

Fonte: G1-ES