ESPORTE NACIONAL

Surpresa em Sunset Beach

Carioca de 18 anos é apaixonado por onda grande.

Em 07/12/2014 Referência JCC

Quando subiu pela primeira vez em uma prancha, aos oito anos, nas férias com a família na Praia do Rosa, em Santa Catarina, Lucas Silveira não quis mais saber de outra coisa. Deixou de lado o futebol e a capoeira, e passou a se dedicar inteiramente ao surfe. Dez anos depois, aos 18, o carioca é apontado como uma das grandes promessas da nova geração brasileira. Surpresa do WQS Prime de Sunset Beach, a segunda joia da Tríplice Coroa Havaiana, ele mostrou ter "sangue quente", impressionando os juízes e o público com personalidade e coragem ao desaparecer em tubos e mostrar um leque de manobras em ondas que superaram a barreira dos 3m.

Lucas foi o melhor brasileiro na disputa, caindo nas quartas de final. Até a eliminação, o atleta havia passado em todas as baterias em primeiro lugar. Com o resultado, ele pulou da 105ª para 76ª posição na Divisão de Acesso. Filipe Toledo, Alejo Muniz e Gabriel Medina, que briga pelo título mundial com Mick Fanning e Kelly Slater, se despediram nas oitavas.

- O campeonato em Sunset é importante para eu conseguir pontuação e correr as etapas do WQS no ano que vem. Assim, posso começar a brigar por numa vaga no WCT (Circuito Mundial de Surfe). Me sinto muito bem aqui, confortável e à vontade. Gosto de surfar onda grande - disse Lucas, que somou 8,70 nas quartas, perdendo para o havaiano Sebastian Zietz (14,77), o australiano Garreth Parkes (11,24) e o irlandês Glen Hall (10,60).

O carioca, radicado em Florianópolis há sete anos, não iria disputar a segunda joia da Tríplice Coroa, mas acabou entrando no lugar do paulista Alex Ribeiro, campeão sul-americano, que sofreu uma lesão e foi cortado. Embora tenha sido uma surpresa em Sunset Beach, Lucas conhece bem o caminho das pedras da praia havaiana. Ele vem para o North Shore de Oahu desde os 11 anos, e esta já é sua oitava temporada no Havaí.

Surfar ondas grandes tem se tornado uma de suas especialidades. Neste ano, o carioca foi um dos destaques das sessões de surfe em Puerto Escondido, no mês de julho. O swell que atingiu a costa mexicana com ondas de 20 pés atraiu uma big riders como Shane Dorian,Gabriel Villaran, Greg Long e Mark Healey. Lucas chamou a atenção pela coragem de se arriscar no mar perigoso, pegando muitos tubos e levando também alguns caldos homéricos.

- O swell no México estava bem grande, foi meu "highlight" ("ponto alto", na tradução livre) do ano. Os melhores lugares de onda grande que eu já surfei são Puerto Escondido, Sunset, Pipeline e Jaws, no Havaí, Desert Point, na Indonésia, e Cloudbreak, em Fiji.

O atleta, que tem o australiano Mick Fanning e o paulista Gabriel Medina como inspiração, elogiou Filipe Toledo, campeão do WQS em 2014, e avaliou o bom momento do surfe brasileiro. 

-  O surfe brasileiro está vivendo o seu melhor momento e temos que aproveitar isso. Temos o Gabriel Medina liderando o ranking e com grandes chances de ser campeão mundial este ano, além de vários moleques da minha idade começando a "quebrar". O Filipinho só tem 19 anos e está deixando todo mundo de boca aberta. Quanto mais brasileiros estiverem ali brigando pelo topo, melhor. O brasileiro tem um sangue mais quente do que os gringos, e isso ajuda na hora da competição. A gente tem muita vontade de vencer e carrega a bandeira com orgulho - finalizou.

Fonte:Globo Esporte