POLÍTICA INTERNACIONAL

Teerã nega encobrir responsabilidade por queda de avião

Forças iraquianas reconheceram no sábado (11) culpa pela tragédia.

Em 13/01/2020 Referência CCNEWS, Redação

Foto: REUTERS/Henry Nicholls/Direitos Reservados

O governo iraniano negou hoje (13) ter tentado encobrir a responsabilidade das autoridades do país no acidente com o avião ucraniano atingido "por erro" em 8 de janeiro, perto de Teerã.

"Nesses dias de tristeza, críticas foram dirigidas aos responsáveis e às autoridades do país. Alguns responsáveis foram até acusados de mentir e tentar encobrir o assunto, quando realmente, honestamente, não foi o caso", disse o porta-voz do governo iraniano, Ali Rabii, aos jornalistas.

"A verdade é que não mentimos. Mentir é disfarçar a verdade, intencional e conscientemente. Mentir é sufocar informações. Mentir é conhecer um fato e não o dizer ou distorcer a realidade" desse fato, acrescentou Rabii.

"O que dissemos na quinta-feira foi baseado em informações apresentadas ao governo, de que não havia conexão entre o acidente e um (tiro de) míssil", afirmou o porta-voz.

As Forças Armadas iranianas reconheceram no sábado (11) sua responsabilidade pela tragédia do voo PS572, da Ukrainian International Airlines, que foi abatido na quarta-feira após decolar do aeroporto em Teerã.

Na quinta e sexta-feira, a Organização de Aviação Civil Iraniana e o governo negaram a hipótese de que o avião pudesse ter sido abatido por um míssil, possibilidade levantada na noite de quarta-feira pelas autoridades canadenses.

Todas as 176 pessoas a bordo, entre elas iranianos e canadenses, morreram no desastre.

O anúncio da responsabilidade das Forças Armadas pelo acidente provocou uma onda de indignação no Irã.

Na noite de sábado, uma cerimônia em homenagem às vítimas, numa universidade de Teerã, transformou-se em manifestação contra as autoridades, com gritos de "morte aos mentirosos", antes de ser dispersada pela polícia.

Novamente na noite de domingo, manifestações ocorreram em Teerã, de acordo com vídeos publicados nas redes sociais.

A polícia e as forças de segurança iranianas dispararam balas reais e gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que protestavam contra as autoridades.

Os veículos de comunicação do Irã não noticiaram imediatamente o acidente perto de Azadi, ou Praça da Liberdade, em Teerã, na noite de domingo.

Organizações não governamentais (ONGs) de defesa dos direitos humanos pediram ao Irã que permita que as pessoas protestem pacificamente, como permitido pela Constituição.

Vídeos enviados à ONG e posteriormente analisados pela Associated Press (AP) mostram uma multidão a fugir, depois de uma granada de gás lacrimogêneo atingir os manifestantes.

As pessoas tossiam muito e espirravam enquanto tentavam escapar. Havia gritos de: "Eles dispararam gás lacrimogêneo contra as pessoas! Praça Azadi. Morte ao ditador!".

Outro vídeo mostra uma mulher sendo carregada e rastro de sangue no chão. Pessoas ao seu redor gritam que ela foi baleada na perna. (Agência Brasil - RTP Emissora pública de televisão de Portugal)

LEIA TAMBÉM

Países insistem que Irã cumpra acordo nuclear de 2015

Os líderes do Reino Unido, da Alemanha e da França emitiram declaração conjunta insistindo que o Irã se comprometa a cumprir o acordo nuclear de 2015.

O documento, divulgado nesse domingo (12), lamenta a decisão dos Estados Unidos, feita em 2018, de se retirar do acordo, e expressa preocupação sobre o efeito de novas sanções econômicas ao Irã.

A declaração também se refere a violações do acordo por parte de Teerã desde julho de 2019, e insiste que o Irã reverta todas as medidas inconsistentes com o acordo e passe a cumpri-lo por completo.

O Irã anunciou este mês que não iria mais cumprir a cláusula que limita o enriquecimento de urânio.

As tensões entre Washington e Teerã permanecem altas, após a morte de um general iraniano, em ataque determinado pelos Estados Unidos no início deste mês, e a reação do Irã, com o lançamento de mísseis em bases americanas situadas no Iraque. (Agência Brasil - NHK Emissora pública de televisão do Japão)