CIDADE

Termina protesto de taxistas contra aplicativo Uber no Rio.

Pista do Aterro do Flamengo que estava interditada foi liberada às 13h.

Em 24/07/2015 Referência JCC

Terminou o protesto de taxistas contra o aplicativo Uber que interditou várias vias da cidade do Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira (24). Os manifestantes pedem a proibição do aplicativo, que conecta motoristas autônomos e usuários em busca de transporte. A categoria, que teme perder clientes, questiona a legalidade do serviço alternativo. Uma das pistas sentido Centro do Aterro do Flamengo foi interditada às 3h e liberada somente às 13h pelos manifestantes.

Os manifestantes partiram, por volta das 6h, em comboio de vários locais da cidade, como Realengo, Gávea, Barra da Tijuca e Irajá, rumo ao Aterro do Flamengo, na Zona Sul. O local é o ponto de encontro para uma carreata que vai até a Prefeitura, na Cidade Nova.

Às 11h, a pista do Aterro no sentido Centro estava totalmente interditada, entre o Monumento de Estácio de Sá e o Monumento aos Pracinhas. No Centro do Rio, a Avenida Francisco Bicalho, sentido Cidade Nova, e Avenida Presidente Vargas, sentido Candelária também estavam com retenções.

Na Avenida Atlântica, em Copacabana, também na Zona Sul, um outro grupo de taxistas se deslocava na pista junto à orla. Também ocorreram retenções na Avenida Princesa Isabel, Avenida Lauro Sodré, Avenida Venceslau Brás e Avenida Pasteur, também no bairro.

Longas filas para pegar ônibus se formaram nesta sexta-feira (24) no desembarque do Aeroporto Santos Dumont. Um taxista em serviço parou e, quando a passageira estava prestes a embarcar, foi interpelado por outro. "Meu parceiro, você vai levar? Não vai fortalecer a classe não? Leva não, parceiro. Leva não, parceiro", diz. O taxista que estava trabalhando desistiu da corrida e seguiu com o carro vazio. Minutos depois, a passageira embarcou em um outro carro. Os policiais que estavam no local afirmaram que garantiram a segurança do taxista que trabalhava e da passageira, mas ele desistiu de fazer a viagem.

Um dos taxistas que tentava convencer os colegas a não trabalhar também deu outra versão. "Estamos pedindo pacificamente para os companheiros desembarcarem os passageiros e não embarcar ninguém. Estamos lutando pela nossa causa e estou aqui para orientar as pessoas que estão chegando. Está tendo ônibus no outro terminal para quem está chegando no Rio", disse um dos manifestantes, o taxista Valdomiro Lobato. Às 12h10, os taxistas já trabalhavam no local.

Uber dá viagens de graça

A empresa Uber, que administra o aplicativo que conecta motoristas autônomos e passageiros em busca de transporte, contra-atacou a manifestação de taxistas. Em nota, o Uber informou que seus passageiros terão direito a duas viagens de até R$ 50, entre 7h e 19h, sem pagar nada.

"Sabemos que hoje será um dia complicado para locomoção e para não deixar os cariocas sem opção, hoje, todos poderão utilizar a Uber para qualquer lugar da cidade", divulgou a Uber em nota, acompanhada da hashtag #orionãopara ainda nesta sexta (24).

A estratégia de oferecer corridas gratuitas já foi adotada pelo Uber em Belo Horizonte na semana passada. A ação foi um protesto contra casos de agressões cometidas contra passageiros e motoristas que usam o serviço.

O porta-voz do Uber Brasil, Fabio Sabba, disse durante uma entrevista na GloboNews que as pessoas têm que ter o direito de escolher como elas querem transitar pela cidade. Segundo ele, a polarização de táxis contra o Uber não faz sentido.

“A gente sabe que o motorista parceiro do Uber não tem isenção de IPVA quando vai comprar um carro, nem de IPI, ICMS. Ele não precisa de licença porque não é um transporte público, não é uma concessão de transporte público como o táxi é. O Uber na verdade resolveu o problema de assimetria de informação usando tecnologia”, afirmou Sabba.

Sabba ressaltou ainda que o motorista que participa do Uber passa por uma checagem de antecedentes criminais em nível estadual e federal e garantiu que os motoristas não são ilegais.

“O motorista também tem uma carteira de habilitação que permite ele exercer função remunerada, então ele é um motorista profissional. Ele também tem um seguro para passageiros, caso aconteça algum tipo de acidente”, disse o porta-voz do Uber.

Autoridades se posicionam

O secretário Municipal de Transportes, Rafael Picciani, afirmou que não vai regulamentar o Uber nem qualquer outro aplicativo de transporte de passageiros, porque o Rio já tem uma frota de táxis – inclusive, com serviço executivo – compatível com a demanda dos usuários. No Rio, foram concedidas 33 mil autonomias a motoristas para trabalhar com táxis, segundo ele (veja o vídeo).

“Nessa manifestação, mais do que combater a pirataria, o importante é apoiar os taxistas e entender o ponto de vista deles. Não pretendo regulamentar o Uber nem qualquer outro aplicativo de transporte de passageiros. Enquanto a Justiça não se pronunciar sobre essa empresa, a prefeitura não vai aceita-la. Vamos pedir à Justiça que ela proíba esses aplicativos”, disse Picciani.

Carlos Roberto Osório, secretário estadual de Transportes, disse que os motoristas do Uber podem ser multados. "Determinei que o Detro verifique se os veículos particulares estão fazendo transporte de passageiros. Se estiverem, serão autuados".