ECONOMIA CAPIXABA

Trabalhadores do ES querem trocar aumento por garantia de emprego.

Sindicomerciários disse que abre mão de reajuste por garantia de emprego.

Em 29/03/2016 Referência JCC

Depois de o setor automobilístico viver a década de maior crescimento, a venda de veículos caiu 30,5%, em 2015, no Espírito Santo. Para minimizar o impacto da nas empresas e preservar o emprego de mais de 8 mil trabalhadores, o Sindicato dos Empregados do Comércio do Espírito Santo (Sindicomerciários-ES) propôs ao empresariado abrir mão do reajuste salarial.

Em contrapartida, os concessionários garantiriam, até o final deste ano, a estabilidade de todos os atuais funcionários. As duas partes têm até o final de maio para fechar o acordo.

“A ideia é manter os empregos enquanto a economia não se recupera”, disse o presidente do Sindicomerciários, Jakson Andrade Silva, que esteve na primeira reunião entre as partes, realizada nesta segunda-feira (28).

O Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives), representante patronal, se mostrou disposto a negociar. “As concessionárias, de um modo geral, costumam investir na capacitação do corpo técnico. Perder mão de obra qualificada é perder investimento em capacitação”, assinalou o executivo do Sincodives José Francisco Costa.

As partes têm até o final de maio para fechar um acordo. “As classes estão trabalhando com os legítimos interesses. Essa é uma situação atípica, adversa. Do lado dos empresários, estamos demonstrando que as empresas precisam sobreviver a esse momento de crise. Vai ser muito arrojada essa negociação, por isso esperamos o bom senso das partes”, completou Costa.

A negociação das concessionárias pode ser um indicativo do que será acordado nas próximas negociações envolvendo os demais comerciários do estado, cujo dissídio é em novembro.

O presidente da Federação do Comércio, José Lino Sepulcri, não descarta que outros segmentos façam acordos semelhantes, mas disse que ainda é cedo para ampliar a discussão.

“Dada a atual conjuntura econômica e política, qualquer tipo de reajuste torna-se impraticável. Todos sabemos que o setor automotivo é o mais prejudicado pela crise”, falou.

Outra alternativa discutida, segundo Sepulcri, é a postergação da convenção coletiva por até 120 dias. “Daqui três ou quatro meses, o cenário deve ficar mais claro para tomarmos as decisões. Até lá, se a gente conseguir manter o salário e não demitir, já é um ganho”, destacou.

Emplacamento de motocicletas
A venda de motocicletas encolheu 48,77% em fevereiro de 2016, no Espírito Santo, numa comparação com o mesmo mês de 2015. No acumulado dos dois primeiros meses de 2016, foram 1.370 unidades a menos do que no ano passado.

Algumas concessionárias do Norte do estado chegaram a registrar uma diminuição nas vendas da ordem de 70%. “Além da crise econômica, a região enfrenta um período de forte seca. Como a agricultura é muito afetada, isso também reflete nas vendas no comércio, que é muito dependente do meio rural”, afirmou o conselheiro da associação dos concessionários Honda no Estado e um dos diretores do Sincodives Humberto Scarton,

Scarton chama a atenção para o fato de a realidade brasileira ser completamente adversa para os empresários, e disse que as demissões têm sido inevitáveis, apesar do empenho do empresariado.

“Se não consegue pagar as contas, não tem como ficar com os funcionários”. Em números gerais, as concessionárias capixabas venderam 8.280 veículos nos dois primeiros deste ano, 4.329 unidades a menos do que o mesmo período do ano anterior.

Fonte: G1-ES