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Ufes estuda afastar professor de todas as atividades na instituição

Malaguti é acusado por alunos de ter feito declarações preconceituosas.

Em 06/11/2014 Referência JCC

A Universidade Federal do Espírito Santo(Ufes) analisa, até esta sexta-feira (7), a possibilidade de afastamento do professor Manoel Luiz Malaguti de todas as atividades exercidas na instituição. Ele é acusado por alunos de ter feito declarações preconceituosas e racistas durante uma aula. Nesta quarta-feira (5), a universidade já havia anunciado o afastamento de Malaguti das aulas que ministra à turma em que ocorreu a discussão. 

Segundo a Ufes, Malaguti é professor de duas turmas na instituição e dá aulas às segundas e terças-feiras. Desde que foi denunciado por alunos após ter dito frases de caráter racista e preconceituoso durante uma aula, na tarde de segunda-feira (3), Malaguti não esteve mais em classe, mas continua com outras atividades, como orientação de monografias.

O professor não procurou a Ufes para dar qualquer satisfação e ficou sabendo do afastamento parcial por meio do Departamento de Economia da instituição.

Denúncia
Alunos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) denunciaram o professor por ter dito frases de caráter racista e preconceituoso durante uma aula, na tarde de segunda-feira. De acordo com uma publicação feita pelo Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais da Ufes em uma rede social, o professor teria dito que “detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro”, por exemplo. Cartazes com a foto do mestre e com o título “Professor Racista” estão espalhadas pelo campus.

Ministério Público
Malaguti vai ser investigado pelo Ministério Público Federal no estado (MPF-ES). O órgão instaurou um procedimento investigativo criminal para apurar a conduta do professor. Os documentos exigidos pelo MPF-ES devem ser apresentados em um prazo de 48h, a partir desta quarta-feira.

Para o desembargador Willian Silva, que acionou o MPF-ES, a partir do momento em que o professor fez a declaração, ele colocou o negro em condição de inferioridade. “Eu peguei o jornal e li a afirmação de que ele 'detestaria ser atendido por um médico negro'. Por causa disso, entrei com a representação. Eu, como negro, me senti ofendido e parte legítima para acionar o MPF”, falou Silva.

Protesto
Na tarde desta quarta-feira, estudantes fizeram uma manifestação no campus da universidade. Com cartazes e gritando palavras de ordem, os jovens caminharam pelo campus de Goiabeiras, em Vitória, e chegaram a interditar os dois sentidos da Avenida Fernando Ferrari durante alguns minutos.

OAB
O advogado José Roberto de Andrade, da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), contou que se reuniu com alunos e professores do Centro de Ciências Humanas, na noite desta terça-feira (4) e que a Ordem repudia veementemente a declaração do educador.

"Nós ficamos entristecidos em ver que em pleno século XXI, em uma instituição de ensino superior, um professor ainda possa ter esse tipo de discurso em sala de aula. Esse é um discurso atrasadíssimo, superado, que cairia bem, talvez, em um engenho do século XVI, mas não hoje", disse.

Fonte: G1-Espírito Santo