CENÁRIO EMPREENDEDOR

Uma burocracia tributária que custa R$ 60 bilhões por ano

Sim, a burocracia é um veneno que faz cair os cabelos dos brasileiros.

Em 29/07/2019 Referência JCC, Prof. José Luiz Mazolini

Foto: Palavra Livre/Reprodução

Antes, podia-se dizer que o Brasil era o país do carnaval e do futebol. Hoje, é possível e necessário afirmar que “é o país da burocracia e do atraso”.

Sim, a burocracia é um veneno que faz cair os cabelos dos brasileiros.

O Brasil é o país onde se gasta mais tempo para lidar com a burocracia tributária no mundo. As empresas gastam quase duas mil horas e R$ 60 bilhões em burocracia tributária, todos os anos, somente para calcular e pagar impostos. Um custo extremamente elevado.

Não falo somente o tempo que se gasta com isso que afeta quem vive na nona maior economia do mundo. A estrutura de tecnologia e recursos humanos que as empresas precisam montar para lidar com a burocracia consome,  aproximadamente, 1,5% do seu faturamento anual, aponta pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Um absurdo! 

O alto custo da burocracia tributária é, automaticamente, repassado aos produtos e serviços, diminuindo, consideravelmente, a competitividade do Brasil diante de um cenário global que contrasta com o nosso.  

Dados de um relatório divulgado em outubro do ano passado, pelo Banco Mundial, mostram o Brasil no topo de um ranking negativo, portanto, nada invejado pelas demais nações do mundo. Falando em América do Sul, a Bolívia ocupa o penúltimo lugar, segundo o relatório, com 1.025 horas por ano, gastos com a burocracia tributária. Na Argentina, por exemplo, o tempo médio é de 311,5 horas anualmente. Já no México o número cai para 240,5 horas/ano. A média nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 160,7 horas anuais.

“Não é bem assim”, contesta a Receita Federal sobre o relatório do Banco Mundial. Segundo o órgão, com a complexidade tributária brasileira, se gasta, em média, apenas 600 horas anuais. Esse dado (se correspondesse à realidade), no entanto, ainda deixaria o Brasil muito atrás de outros países e também, muito longe da média das nações da OCDE. 

A comparação com outros países delineia melhor a complexidade que a burocracia tributária atingiu o país. Por aqui, a cada 200 funcionários, 1 trabalha na área contábil. Nos Estados Unidos, a proporção é 1 para mil e, na Europa, 1 para 500. As informações são da diretoria da Stefanini, multinacional brasileira de tecnologia presente em 40 países, e dão uma dimensão da complexidade da tarefa de calcular e pagar impostos neste país.

O pagamento dos impostos em si é apenas uma das etapas de um processo burocrático. Antes disso é preciso calcular o valor do tributo a ser recolhido, preencher uma série de formulários e analisar um emaranhado de normas para verificar aquilo que pode ser descontado ou eventualmente transformado em crédito tributário.

Enquanto a esperada, urgente e necessária Reforma Tributária não acontecer, na planilha da referida burocracia brasileira estão 63 tributos, 97 obrigações acessórias e 3.790 normas. No papel, uma extensão de seis quilômetros de burocracia, segundo o IBPT, uma soma cujo resultado cresce ano após ano.

Sobre o autor:

Prof. José Luiz Mazolini, é professor universitário, com formação em Administração de Empresas e Pessoas; Marketing Estratégico de Negócios e Esportivo; Publicidade e Propaganda, além de MBA Executivo em Negócios Internacionais; ambos pela Universidade Norte do Paraná, Londrina/PR. É empresário, diretor da Mazolini Consultoria & Marketing, do Correio Capixaba, do Portal CCNEWS Brasil, e palestrante/conferencista.

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