ESPORTE NACIONAL

Vagner Mancini espera ter 99% do elenco no dia 10 de janeiro.

Novo treinador da Chapecoense chega em definitivo na cidade do Oeste de Santa Catarina.

Em 27/12/2016 Referência JCC

A segunda-feira foi intensa para Vagner Mancini. Anunciado como treinador da Chapecoense em 9 de dezembro, o profissional chegou em definitivo a Chapecó para iniciar o trabalho à frente do Verdão do Oeste. Desde as primeiras horas da manhã, o treinador se reuniu com integrantes do departamento de futebol para definir situações sobre o ano que vem.

Em entrevista coletiva, Mancini afirmou que espera contar com a experiência dos atletas para a evolução rápida e reconstrução da equipe. Além disso, o desejo do técnico é ter 99% do time formado em 10 de janeiro de 2017.

  • - Claro que a gente esbarra no aspecto financeiro, pois estamos em um mercado dificílimo e competitivo, tendo que concorrer com outras equipes que já têm um orçamento montado. A Chapecoense está tentando entender tudo que aconteceu e tudo o que pode acontecer na frente. Essa é uma dificuldade que estamos tendo, mas estamos tentando usar um outro tipo de apelo, aquilo que a gente vive aqui no clube, a vida que se leva em Chapecó, a disputa dos maiores torneios Sul-Americanos. Diante desse quadro, estamos tendo muito êxito. Eu espero que até o dia 10 de janeiro nós já tenhamos 99% da equipe. Não falo em 100% porque ao longo do ano essa equipe vai ser modificada, assim como outras equipes do país. Pode ser que a gente erre em alguma coisa, mas a vontade é que os erros sejam mínimos - disse.

A Chape já tem quatro reforços confirmados pela diretoria para a próxima temporada: o goleiro Elias, que estava no Juventude, o zagueiro Douglas Grolli, do Cruzeiro, o meia Dodô, emprestado pelo Atlético-MG, e o atacante Rossi, que defendeu o Goiás na Série B do Brasileiro. O Grêmio vai ceder o volante Moisés, enquanto o Fluminense encaminha o empréstimo do atacante Wellington Paulista. Henrique Dourado foi sondado pelo Verdão e pode ser emprestado pelo Fluminense.

CONFIRA OUTROS DESTAQUES DA ENTREVISTA DE MANCINI:

COISAS POSITIVAS NA CIDADE DE CHAPECÓ
Uma coisa que chamou muita atenção é quando você se depara com a forma de tratamento e com a amizade que existe dentro do clube, isso é um diferencial. Eu já sabia isso através de amigos que já tinham passado por aqui, mas quando você vem e tem a oportunidade de perceber realmente o quanto que é diferente você estar em um ambiente em que as todas as pessoas fazem de tudo para que as coisas deem certo, então isso é um fator motivante para que a gente possa diariamente tentar fazer o melhor e superar as dificuldades que, normalmente, nós vamos encontrar. Pois você virar uma temporada tendo que reforçar a equipe é uma coisa e você virar uma temporada tendo que montar uma equipe, um elenco, mais de dois times, é uma dificuldade muito maior. Por isso, acho que tudo aquilo que é vivido dentro da Chapecoense em termos de família faz com que a gente tenha motivação.

CARGA EMOCIONAL
Eu acho que seria o maior desafio de qualquer técnico que estivesse sentado aqui ou que fosse escolhido, eu tenho dito que não é simplesmente um trabalho, um convite, é muito mais do que isso. É uma missão, pois você poder fazer parte da reconstrução de uma equipe num momento mais doloroso dessa equipe é para você se sentir lisonjeado, então esse é meu sentimento. Eu sei que a carga emocional é muito difícil de ser dissipada no início, mas a gente conta com a amizade, o respeito, a solidariedade que existe dentro do clube, que existe na cidade. A comunidade aqui em Chapecó joga junto com o time. A gente percebe quando vem jogar contra a equipe. Então, diante disso tudo, desse desequilíbrio emocional que pode acontecer, nós estaremos atentos. E, com isso, a gente vai formar uma força mental muito grande positiva para que, desde o começo dos trabalhos, a coisa dê tão certo que a gente supere rapidamente e que não sinta tanto um possível descontrole emocional.

DIFICULDADE DA TEMPORADA
Além de montar um elenco e de nós termos que montar um departamento de futebol, nós perdemos umas peças importantes que fazem falta no dia a dia de qualquer clube. A gente está muito acostumado a ver os 11 que entram em campo, mas existe todo um aparato por trás, então também faltam algumas peças que a gente tem tomado cuidado para tentar escolher da melhor maneira possível. Esses atletas podem demorar um tempo maior para se entender dentro de campo. A gente pede um pouco de paciência. Eu conto muito com o lastro de cada atleta, que já tenham passado por aspectos táticos, ou aspectos técnicos para que a gente possa rapidamente montar uma equipe. Dia 25 de janeiro nós já vamos jogar. É necessário que a gente já tenha uma evolução desses atletas que vão se apresentar no início de janeiro até o dia 25. Então, para isso, nós vamos ter que trabalhar bastante. Eu não tenho dúvida em afirmar que todos aqueles que vão fazer parte da Chape em 2017 vão vir com esse pensamento.

MONTAGEM DO TIME
É um desafio muito grande, pois você iniciar do zero e depois de 15, 20 dias jogar e ter que mostrar resultado é um dificuldade a mais no trabalho, por isso que eu digo que eu conto com o lastro dos atletas que estão sendo escolhidos. E ainda vou acrescentar que em fevereiro a gente tem a decisão da Recopa, que são mais dois jogos. Ou seja, com dois meses de trabalho já temos a chance de disputar uma final. A mola que vai nos alavancar para fazer um grande ano vai ser a motivação dos atletas, a motivação de quem estiver na Chapecoense. Então acho que a superação e a motivação são palavras-chave para atingir nossos objetivos. Mesmo diante de certas dificuldades, os nossos adversários também vão ter, pois vão encontrar uma equipe do outro lado que vai saber honrar essa camisa.

ESTILO DE JOGO
Nós estamos tentando em todas as posições fazer com que a Chapecoense tenha em cada setor do campo atletas experientes, atletas com força e velocidade, que é o que o futebol exige hoje. O mais importante quando você monta uma equipe é você analisar as características dos jogadores que você tem à disposição e montar um esquema de jogo. Mais importante que isso é você ir atrás de jogadores que tenham perfil de entrega em campo, aqueles que tenham o lado técnico que saibam jogar futebol, que entendam a parte tática, mas, acima de tudo, que honrem a camisa que estão vestindo. Eu posso assegurar a vocês que se a Chapecoense tiver que suar sangue, ela vai suar dentro de campo, porque o torcedor quer ver isso, que ver essa entrega. Eu realmente gosto de times competitivos e não tem como ser um time competitivo que não tenha vibração, que não tenha fibra. O princípio básico de uma equipe é essa.

RESPONSABILIDADE
Não é fácil. Muita gente pode achar e tem gente me dizendo: "Mancini, você vai montar o time do jeito que você quer". Isso não existe. A única pessoa que pode montar o time como quer é o Tite. A gente tem uma dificuldade de aspecto financeiro, de mercado. Então lá atrás você tem uma ideia e essa ideia vai se modificando. Você chega naquilo que é possível. Mas é muito interessante quando você tem a oportunidade de montar o perfil da sua equipe, mas com essa dificuldade você tem que se moldar. O futebol normalmente é feito disso, ninguém tem o time que gostaria de ter.

CATEGORIAS DE BASE
Nós já temos nove jogadores do sub-20 que estarão aqui com a gente no dia 3. Sempre que algo de ruim na vida da gente acontece, abre oportunidade para outras pessoas. Alguns atletas foram retirados da Copa São Paulo sub-20 para que a gente possa observar desde o início do ano. Será um suporte grande ter atletas com o DNA do clube, assim como o Neném e o Martinuccio, que já estavam aqui. São elementos que fazem com que a gente tenha a certeza de que vamos ter desde o início do ano aquele sentimento dos jogadores que vivem a Chapecoense para que possam passar rapidamente àqueles que chegam de fora.

Globo Esporte