Viaduto é construído em cima de casas em Aracruz, no ES.

Moradores de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, reclamam da construção de um viaduto no bairro Baixada Polivalente. Além da ausência de indenização para algumas famílias, a nova via, que faz um zigue-zague, se desviando dos imóveis, quase encosta nas residências e vem oferecendo riscos de acidentes.

Segundo os moradores, o município nunca apresentou um projeto para construção do viaduto Ivany Pedrini nem sequer realizou audiências públicas para ouvir a população.

A cabeleireira Daurimar Campagnaro, de 44 anos, relata que sua família é uma das mais prejudicadas. “Hoje, a vista das janelas de casa são pilastras de concreto”, disse.

A distância entre o viaduto e o telhado de algumas casas é de menos de 50 centímetros. Indignada, a cabeleireira afirma ainda que a prefeitura diz que não vai indenizar sua família.

“Ao todo, quatro famílias vizinhas foram indenizadas desde a última gestão. Mas o atual prefeito, Marcelo Coelho, nos atendeu uma vez só e alegou que o município não vai nos indenizar porque o valor do nosso imóvel é muito alto”, explica Daurimar. No terreno da família, há um prédio e uma casa duplex, onde vivem quatro famílias há mais de 15 anos.

As obras tiveram início em maio de 2015 e, segundo a prefeitura, o viaduto vai fazer uma ligação entre a avenida Venâncio Flores e a rua Leopoldo Rangel, duas importantes vias da região. O viaduto vai ter 100 metros de extensão e vai custar aos cofres públicos R$ 4,3 milhões.

Outra reclamação dos moradores é que as obras têm gerado grande transtorno, chegando a bloquear o acesso a algumas residências.

“Além disso, os operários acumulam ferramentas, entulho e material de construção nas paredes das nossas casas. Eles fecharam a principal rua que dá acesso à casa do meu tio e ele precisou pular uma barreira para chegar em casa”, explicou a auxiliar administrativo Lais Campagnaro, de 23 anos, filha de Daurimar.

Rachaduras
Desde que um dos imóveis desapropriados foi demolido, em 2008, a casa da recepcionista Núbia Mary da Silva Coser, de 33 anos, tem apresentado rachaduras e o medo de desabamento só aumenta.

“Como a casa era encostada na nossa, a estrutura de nossa casa também ficou abalada. Inclusive, temos um laudo da Defesa Civil exigindo nossa saída da casa. Mas vamos para onde?”, questiona a moradora.

A recepcionista acrescenta que a família também não recebeu nenhum tipo de indenização ou visita da prefeitura, mas por medo preferiu não procurar a administração.

Outra preocupação dos moradores é com o risco de acidentes, já que o viaduto fica próximo a uma boate e a circulação de condutores alcoolizados é comum na região. Pelas imagens da obra é possível notar ainda que as calçadas do viaduto desaparecem em um ponto da via, o que poderá colocar em risco os pedestres que precisarem utilizar a via.

Prefeitura
Em nota, o secretário de obras João Cleber Bianchi afirmou que a atual administração já encontrou todo processo de indenização já concluído.

Informou também que o Plano Diretor Municipal prevê audiências públicas somente em caso de impactos potencialmente negativos, ressaltando que o viaduto é a maior obra viária urbana em execução do estado, de extrema importância para a mobilidade urbana da cidade.

A mensagem diz também que o projeto de engenharia “está sendo concebido”, levando em conta a segurança das edificações vizinhas. Sobre a família Campagnaro, ele informou que, durante a execução das obras, não foi comprometida a funcionalidade nem sequer a utilização do imóvel. E a forma diferente da estrutura se deve ao fato de que os eixos dos extremos não estão na mesma direção.

Fonte:G1