CENÁRIO EMPREENDEDOR

Você começaria uma carreira depois dos 50 anos?

Armando D'Andrea trabalhou até os 100 anos de idade.

Em 06/03/2018 Referência JCC, Prof. José Luiz Mazolini

Muito se discute sobre qual a melhor forma de geração de novos empregos para os mais de doze milhões de pessoas que permanecem fora do mercado de trabalho formal no Brasil.

Para as empresas, escolher entre as pessoas mais “maduras”, certamente, mais experientes e equilibradas comportamentalmente, ou optar pelas mais jovens - denominadas de “calouros no processo profissional” - mais “conectadas” e, provavelmente, mais ansiosas, têm sido o grande desafio para se aproximar da assertividade na hora da escassa seleção.

Para as pessoas, decidir entre se eternizar naquilo que já fazem há anos, ou mudar a trajetória, iniciar novas experiências, sem falar no medo de perder o emprego, que tem tirado o sono de muita gente.

Curioso e muito fã da leitura, principalmente, em abordagens sobre negócios e oportunidades, estratégias, educação, carreira profissional, cases de sucesso, ai sim, mergulho fortemente.

Numa dessas, recentemente, encontrei uma obra prima, escrita pela talentosa Tamires Vitorio, que fala, não das coisas do Brasil, mas, sobre a rica biografia do centenário Armando D’Andrea.

Diz a obra que Armando D’Andrea trabalhou até os 100 anos de idade. Ao longo da vida, passou por grandes mudanças na carreira. Começou como alfaiate, virou vendedor, executivo, pintor e, aos 99 anos, escreveu sua biografia. A linda história de vida inspirou seu neto, o pesquisador e consultor empresarial Rafael D’Andrea, a realizar uma tese de mestrado sobre a transição radical de carreira feita por homens com mais de 50 anos que não precisariam mais trabalhar por questões financeiras, pelo Institut Européen D'administration des Affaires (INSEAD), em Singapura e França.

Para a pesquisa, Rafael conversou com ex-executivos bem-sucedidos de diversas nacionalidades, que trocaram de ocupação depois da quinta década de vida. Nas entrevistas que conduziu, Rafael analisou a trajetória, o significado do emprego e os eventos críticos relacionados à carreira de cada um deles.

Ele concluiu que todos os indivíduos que passam pelo que chamo de “carreira bônus”, que vem depois da tradicional e não é economicamente necessária, tinham alguns pontos em comum. Um deles é que a decisão de envelhecer sendo produtivo já havia sido tomada.

Para os entrevistados, a identidade pessoal está vinculada à identidade profissional. Sim, existem outras razões que levam determinadas pessoas a fazer a transição, mas as principais são a autopercepção de conseguir desempenhar bem uma nova função, o desejo de exercer uma vocação antiga, considerada desafiadora e também, a recusa de seguir os mesmos caminhos dos pais, que se aposentaram (ou não) e passaram a assistir a vida. Na realidade, existem duas forças: uma é o desejo de se mostrar útil, produtivo e progredindo; outra, é a aversão a ser visto como alguém desocupado e obsoleto. Todos os profissionais que chegaram ao topo da carreira sempre foram vistos como alguém de visão futurista - e esse status é importante para eles, mais até que o dinheiro.

Eles buscam uma carreira na qual as habilidades desenvolvidas como executivos poderão ser usadas de outra forma. Mais do que realização profissional, essa transição tardia está ligada ao conceito de longevidade. Começar algo novo dá a impressão de rejuvenescimento.

Autor:

Prof. José Luiz Mazolini

Sobre o autor:

É diretor da Mazolini Consultoria & Marketing, professor universitário, estrategista em marketing & negócios, consultor empresarial e carreira profissional e Palestrante.  www.mazoliniconsultoria.com.br - professormazolini@gmail.com - diretoria@mazoliniconsultoria.com.br.

Imagem: CCNewsDivulgação