MOTOR

Volvo XC60 é uma versão menor do XC90 e custa a partir de R$ 240 mil

Completo e bom de dirigir, carro tem custo mais baixo que rivais.

Em 08/09/2017 Referência JCC / André Paixão, G1, Dourado (SP)

“Somos diferentes. E vamos continuar sendo assim”. Parece soberba, mas a frase do presidente da Volvo Cars do Brasil, Luis Resende, dá o tom da nova geração do XC60. A Volvo parece apontar para uma direção distinta de suas rivais. O objetivo, no entanto, é o mesmo de todas as concorrentes: ter a liderança entre os utilitários esportivos premium, perdida em 2015 para o Land Rover Discovery Sport.

Para vingar por aqui, o XC60 chega como uma reprodução em menor escala do XC90. Mas o novato vai além. As proporções mais enxutas dão mais equilíbrio ao design. O perfil até lembra o de uma perua.

O ponto mais marcante em suas linhas são as lanternas, espichadas para a vertical e horizontal, mostrando que este tipo de aplicação pode dar certo (ouviu, Honda WR-V?).

Mais um semiautônomo

A versão avaliada pelo G1 em um teste de aproximadamente 700 km pelo interior de São Paulo foi a Inscription. Ela é a intermediária da linha, e custa R$ 259.950. Ainda na comparação com o XC90, ela oferece praticamente os mesmos itens, e já inclui diversos recursos de condução semiautônoma.

Além de se manter dentro da faixa, seguir o veículo que vai a frente e fazer certas curvas em velocidades de até 130 km/h, o novo XC60 também reconhece pedestres, ciclistas e animais de grande porte.

Nestas situações acima, o veículo é capaz de evitar a colisão em velocidades de até 50 km/h. A novidade em relação ao XC90 é um sistema que atua diretamente na direção, caso o motorista invada a faixa contrária e exista risco de colisão.

Fora isso, o XC60 Inscription oferece ar-condicionado com comandos diferentes para motorista e passageiro, acesso e partida sem a necessidade de chave nas mãos, bancos dianteiros com regulagens elétricas, quadro de instrumentos digital de 12,3 polegadas, 6 airbags, alertas de ponto cego, tráfego cruzado, colisão traseira, faróis full LED, teto solar, sensores de luz, chuva e estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, start-stop e rodas de 20 polegadas.

A única opção mais completa é a R-Design, que custa R$ 269.950. Já a versão básica, Momentum, não tem os recursos semiautônomos nem itens como quadro de instrumentos de 12,3 polegadas, acesso e partida por chave presencial e porta-malas com abertura elétrica.

Como anda?

Com tantas semelhanças visuais, o XC60 não poderia deixar de compartilhar a plataforma com o irmão maior. A SPA é a primeira criada pela Volvo com o dinheiro chinês da Geely, sua proprietária. Esta base é toda modular, e permite modelos de diferentes tamanhos.

No caso do XC60, a nova geração ganhou 4 cm no comprimento, chegando a 4,69 metros de comprimento. O entre-eixos cresceu 9 cm, e agora é de 2,87 m. Isso significa que não falta espaço para nenhum dos 5 ocupantes.

Ao volante, o XC60 dá conta do recado. Ainda que o seu ronco não seja dos mais belos, o motor entrega todos os 258 cavalos a 5.500 rotações por minuto. Mas os 35,7 kgfm de torque são oferecidos em uma faixa mais baixa, entre 1.500 rpm e 4.800 rpm.

Isso garante um bom desempenho – semelhante ao do Audi Q5. O câmbio automático de 8 marchas também é muito competente, e só perde em rapidez para a caixa de 9 velocidades da Mercedes-Benz.

Mais uma vez, o XC60 se assemelha ao maior SUV da Volvo, e tem suspensão mais rígida. No entanto, como tem carroceria menor, sua dinâmica de condução foi aprimorada (lembrando que o 2.0 do XC90 tem 320 cv), com uma direção mais precisa e uma carroceria que rola menos.

Sobriedade sueca

A coerência no discurso do presidente da Volvo se faz presente no interior do XC60. Qualquer um que conheça um Volvo de 5 anos atrás vai notar a diferença no console central. Em vez das dezenas de botões, restaram apenas 8 teclas.

A sobriedade dá o tom na cabine, com um toque minimalista. Os materiais são de excelente qualidade, e misturam couro, plástico de bom aspecto, madeira e alumínio. O charme fica por conta da pequena bandeira sueca na base da saída de ar na direita.

A central multimídia de 9 polegadas concentra as principais funções do veículo, como climatização, controle do som, conectividade com celulares e acertos dinâmicos do veículo. Os comandos são muito simples.

Mercado

Para recuperar a liderança do segmento, o XC60 terá que superar Land Rover Discovery Sport, Mercedes-Benz GLC e Audi Q5. Deste grupo, o Volvo só não é mais barato do que o primeiro.

No entanto, ele tem motor mais potente (254 cv contra 240 cv) e é muito mais equipado do que o concorrente britânico. O único rival que pode receber pacote semelhante ao do Volvo é o Audi Q5. Porém, para isso acontecer, o cliente terá que escolher a opção mais cara e ainda adicionar um pacote opcional, que deixa o alemão mais de R$ 50 mil mais caro do que o sueco.

Considerando os custos de manutenção deste grupo, o XC60 só não vai melhor do que o Land Rover. Os britânicos possuem um pacote que inclui as 5 primeiras revisões por R$ 2.990, menos da metade do preço dos 5 primeiros serviços do Volvo, que saem por R$ 7.045.

A Audi pede R$ 7.660 pelas 5 primeiras revisões do Q5 e a Mercedes cobra R$ 8.800 pelo equivalente no GLC.

Conclusão

A nova geração do XC60 oferece visual atraente, lista de equipamentos generosa, conjunto mecânico competente e preço competitivo. Considerando todos os fatores, não é difícil concluir que o Volvo chega para ser um dos melhores (talvez o melhor) em seu segmento.

O problema da Volvo é a pequena rede de concessionária, composta por cerca de 30 pontos de venda em todo o país. Todas as suas rivais possuem atuação mais abrangente no Brasil.

(Foto: Divulgação)