MEIO AMBIENTE

Água do Rio Doce fica mais clara em Colatina, ES.

Laudos do Sanear confirmam turbidez menor meses depois da lama.

Em 22/04/2016 Referência JCC

A cor alaranjada que caracteriza a água do Rio Doce, em Colatina, Noroeste do Espírito Santo, desde novembro de 2015 por causa da lama de rejeitos da Samarco está mudando. Moradores e a prefeitura dizem que a água está mais clara. No entanto, a desconfiança da população com a qualidade da água continua.

O pescador Admilson José Luppi percebeu a mudança da coloração. Por causa disso, decidiu sair de casa e dar uma volta de barco pelo rio.

“Decidi vir para ver se pesco alguma coisa. Como não está sendo vendido, vamos analisar e consumir os peixes entre a gente”, comenta.

O pescador conta com a ajuda do amigo Washington Luppe. “Outro dia pescamos muita sardinha, que estava com a cor, a aparência e sabor bons”, afirmou.

Os laudos do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear), responsável pelo abastecimento de Colatina, confirmam a percepção de moradores. Eles apontam que a água está mais limpa e a turbidez diminuiu.

“Pelas análises que a gente fez, a gente vê que o rio está com menos contaminação e menos partículas presentes na água, provavelmente está descendo menos lama”, comenta o engenheiro do Sanear, Arthur Batista Ferreira, afirmando que a água está própria para consumo.

A Samarco informou, por meio de nota, que todo o rejeito está contido por alguns diques, que segura o sedimento e também diminui a turbidez, que está abaixo de 100 NTU (Unidades Nefelométricas de Turbidez).

A Samarco disse ainda que a redução da turbidez é resultado das ações para conter o aporte de sedimento na água, que incluem também a revegetação das margens de rios impactadas, somado à redução das chuvas.

Apesar da coloração ter mudado, a cor alaranjada pode voltar, segundo o Sanear. “Toda chuva aumenta a turbidez, como a gente ainda não sabe o que está depositado no fundo, é possível que aumente a turbidez”, comenta Arthur.

Desconfiança
A cor da água não mudou a desconfiança da população de consumir a água. “A água está razoável, mas não está totalmente boa para usar”, comenta a aposenta Sônia Maria Inês.

O lavrador Wagner Biazatti afirma que mesmo vendo a diferença de coloração, não tem coragem de consumir o peixe do rio. “Eu não sei se o peixe está contaminado, prefiro não comer”.

Fórum Capixaba analisará pesquisa
O Fórum Capixaba de Entidades em Defesa da Bacia do Rio  Doce  vai se reunir na segunda-feira (25) para discutir e analisar o relatório de atividades da Marinha na foz do Rio    Doce.

O documento foi divulgado pelo Ibama na terça-feira (19), após pedido da reportagem. Ele apontou concentração acima do limite de quatro metais: Arsênio, Selênio, Manganês e Chumbo.

O representante do Fórum, Edmar Camata, disse que o grupo analisará quais medidas serão tomadas a partir dos resultados do relatório.

A pesquisa foi realizada durante o mês de novembro de 2015 por um navio da Marinha, com o objetivo de analisar os impactos ambientais decorrentes do rompimento da barragem de rejeito de minério da Samarco.

As amostras de água colhidas durante a expedição foram encaminhadas para o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) e para o laboratório da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde ainda estão sendo analisadas.

Um primeiro relatório dos impactos ambientais foi liberado pela Ufes em fevereiro e apresentou alta concentração de metais na água, o aumento no número de nutrientes e a diminuição do número de espécies de algas.

A universidade informou que continua realizando as análises e que deve liberar novo relatório em maio.

Fonte: G1-ES