SAÚDE

Como a forma de morder pode influenciar no desempenho

A careta pode ser o momento de vibração, mas também uma passagem de desequilíbrio.

Em 13/01/2018 Referência JCC - Eu Atleta (Foto:Divulgação)

Imagine esta cena: no rosto do atleta em ação, as expressões são de extremo esforço. Mas o que muita gente vê como uma simples careta, a ciência enxerga de outra maneira. É aquele momento da força final, o último gás, quando você não aguenta mais e vai para o tudo ou nada. A mordida fica diferente e isso pode influenciar no desempenho da prática esportiva. O assunto foi mostrado no quadro Eu Atleta no Bem Estar.

A careta no esporte pode até ser o momento de vibração e euforia, mas também é uma passagem de desequilíbrio importante. O doutor Rodrigo Albuquerque, que é odontologista do esporte, analisou a postura de um paciente, a movimentação da cabeça e até a angulação da mordida. Ele descobriu que o jeito de a pessoa morder num momento de esforço tem reflexos em outros músculos do corpo. Mas como isso realmente ocorre?

Durante o exercício, a pessoa pode fazer mais força de um lado do que de outro, por exemplo. A partir dessa análise, o doutor passou aos atletas o uso de um protetor bucal personalizado para atender à necessidade específica de cada um.

- É um dispositivo que consegue regular a mandíbula com a parte superior da arcada e faz com que a pessoa tenha um pouco mais de equilíbrio e menos oscilação corporal - explicou Rodrigo.

O corredor e guarda municipal Sérgio Luis é um exemplo. Isso porque um incômodo na perna esquerda impediu um melhor desempenho dele nos treinos e provas. E o mais curioso: ele nem imaginava que a solução estaria na boca.

- Depois do protetor, as dores foram sendo eliminadas porque ele verificou o meu tipo de pisada. Eu forçava mais a perna esquerda, a que eu sentia mais dor e ela sumiu - afirmou o atleta.

Durante as provas, Sérgio ainda faz careta, mas sem travar a mordida e sobrecarregar outras áreas musculares. Com o corpo mais equilibrado, sabe qual foi o resultado? Ganhou mais velocidade.

Já no futevôlei a situação é diferente. Mais experiente, o professor Anderson Águia não trava os dentes na hora de atacar e defender. Ele contou que isso é algo natural durante as partidas.

- Quando a pessoa necessita de precisão na hora de jogar, ela não fecha a boca. É fato. Ela abre a boca apenas para conseguir um pouco mais de orientação na areia - destacou o odontologista.

Para atacar e colocar a bola na área de jogo é necessário ter precisão e sem perder o equilíbrio na areia. No teste em quadra, o protetor bucal parecia até ser um incômodo, mas o professor ganhou fôlego e passou a respirar melhor.

- Eu tenho como especialidade a jogada "shark ataque", que é saltar e jogar o pé na bola. Isso xige muito mais força e resistência. O controle da respiração é o principal para você se recuperar e dar sequência na partida - encerrou Águia.