POLÍTICA NACIONAL

Dilma diz que "grande preocupação" do governo é com desemprego.

Desemprego ficou em 9% no trimestre até outubro e tem maior taxa da série.

Em 15/01/2016 Referência JCC

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (15), em um café da manhã no Palácio do Planalto com jornalistas de sites, agências de notícias estrangeiras e revistas, que, atualmente, todo o esforço do governo federal está voltado para impedir que o índice de desemprego se eleve ainda mais no país. Em sua segunda entrevista coletiva do ano, a petista ressaltou que essa é sua "grande preocupação".

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira que a taxa de desemprego ficou em 9% no trimestre encerrado em outubro de 2015. Essa foi a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012.

No trimestre encerrado em julho, a taxa havia atingido 8,6% e, no período de agosto a outubro de 2014, chegou a 6,6%.

"Todo esforço do governo […] é para impedir que no Brasil nós tenhamos um nível de desemprego elevado. Para mim, é a grande preocupação, é o que nós olhamos todos os dias. É aquilo que mais me preocupa e aquilo que requer mais atenção do governo”, destacou Dilma aos jornalistas no café da manhã que durou cerca de uma hora e 20 minutos.

Segundo o IBGE, no trimestre encerrado em outubro, a população desocupada chegou a 9,1 milhões de pessoas. Isso representa um aumento de 5,3% em relação ao trimestre de maio a julho e de 38,3% em comparação com o mesmo período de 2014.

Reflexo da deterioração do mercado de trabalho no período, o número de empregados com carteira assinada recuou 1%, na comparação com o trimestre anterior (encerrado em julho), e 3,2%, em relação ao mesmo período do ano anterior.

CPMF
Apresentando alternativas para tentar reaquecer a economia, Dilma disse durante o café da manhã que o reequilíbrio fiscal passa pelo aumento de impostos.

Ela aproveitou o encontro com a imprensa para voltar a defender a recriação da CPMF. Em setembro do ano passado, o Executivo enviou ao parlamento uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a criação de um tributo nos mesmos moldes do antigo "imposto do cheque", que foi extinto em 2007.

"Algumas medidas são urgentes. Reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica, necessariamente, a não ser que nós façamos uma fala demagógica, em ampliar impostos. Eu estou me referindo à CPMF.”

Além de falar sobre suas preocupações em torno da elevação do desemprego no Brasil, Dilma também se manifestou sobre o processo de impeachment, a proposta de reforma da Previdência Social, o preço do petróleo, a tentativa de recriação da CPMF e a independência do Banco Central.

Processo de impeachment
Ao comentar o processo de impeachment em curso no Congresso Nacional, Dilma Rousseff afirmou que não se tira um presidente do cargo por não simpatizar ou não gostar dele. A petista voltou a acusar parte da oposição de estar tentando promover um "golpe" no país.

A chefe do Executivo se tornou alvo de um processo de impeachment em dezembro, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorizou a abertura do procedimento de afastamento com base no pedido dos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

"A questão mais importante para o país é a reforma da Previdência. Mas isso não quer dizer que as tentativas golpistas de parte da oposição não sejam importantes também. Afinal, isso é uma questão que significa estabilidade política. Não se pode achar que se tira um presidente porque não se simpatiza com ele ou achar que se tira um presidente porque não gosta dele", queixou-se Dilma.

Reforma da Previdência
A exemplo do que havia defendido na semana passada – em outro café da manhã com jornalistas –, a presidente da República se manifestou mais uma vez nesta sexta-feira a favor de uma reforma "gradual" da Previdência Social. No entanto, ela ressaltou novamente que a eventual mudança nas regras previdenciárias não irá mexer em direitos adquiridos.

Dilma não explicou qual modelo de Previdência Social que ela considera mais adequado. Porém, advertiu que o fator previdenciário móvel pode ser incluído na reforma.

"A reforma da Previdência tem de ser compreendida técnica e politicamente. Essa não é uma questão desse ou daquele governo e sequer pode ser politizada. Têm vários caminhos para o consenso. E um deles é o do fator previdenciário móvel, que pode ser incorporado à reforma", enfatizou.

Temer e PMDB
A presidente também dedicou parte do café da manhã a falar sobre sua atual relação com o vice-presidente da República Michel Temer e com o PMDB, partido do qual ele é presidente nacional.

A relação entre Dilma e o vice vive o momento de maior desgaste desde que eles chegaram ao Planalto, em 2011, porque, em dezembro, Temer enviou a ela uma carta na qual apontou desconfiança da presidente sobre a atuação dele.

"Eu e meu governo temos toda consideração com o vice-presidente Temer. Inclusive, nós temos duas regiões agendadas, uma para esta semana. [...] Para nós, é importante que haja uma relação de absoluta responsabilidade e que seja fraterna”, disse.

Dilma ainda acrescentou que o Planalto não vai interferir em “questões internas” de partidos como o PMDB e o PT porque isso “não é certo isso nem democrático". Em março, o PMDB vai eleger a nova direção nacional e Temer é candidato à recondução do cargo.

Banco Central
Durante o encontro, Dilma foi questionada se havia mudado sua opinião em relação à autonomia do Banco Central. Na campanha eleitoral de 2014, gerou polêmica as peças publicitárias do PT que afirmavam que, se os adversários de Dilma vencessem a disputa, o Banco Central se tornaria independente e isso retiraria alimentos da mesa da população.

Nesta sexta-feira, a presidente argumentou que, para o governo, o Banco Central não é independente, mas, sim, autônomo para executar suas políticas.

"O Banco Central é uma instituição autônoma para fazer suas políticas, mas isso não significa que ele não preste contas. A relação entre as políticas fiscal e monetária passa pela avaliação de que temos um problema na área da inflação muito forte. O Banco Central é autônomo, mas não é independente, porque não é um poder", observou Dilma.

Manifestações de rua
A presidente também foi questionada pelos repórteres sobre as manifestações de rua, em especial as realizadas nos últimos dias em São Paulo, nas quais têm ocorrido confronto entre manifestantes e policiais.

Para Dilma, o país aprendeu a conviver com as manifestações e aprendeu a respeitá-las.

"Acho que, no nosso caso, conquistamos a democracia, e ela tem de ser cuidada e suas regras respeitadas. [...] As manifestações, nós aprendemos a conviver e a respeitá-las. Acho que tratar das questões da democracia, as manifestações são uma prática normal", analisou.

Dieta
Apesar de a assessoria do Palácio do Planalto ter servido pães, bolos, pão de queijo, frios e suco de laranja na mesa do café da manhã oferecido aos jornalistas, Dilma se limitou a comer uma fatia de queijo e tomar um copo de água e uma xícara de café, com quatro gotas de adoçante.

Desde outubro de 2014, quando encerrou a campanha eleitoral acima do peso, a presidente passou a fazer dieta e a praticar exercícios físicos.

Com frequência, a chefe do Executivo é vista pedalando nas primeiras horas da manhã nas ruas próximas ao Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.

Fonte: G1