CIDADE

Funcionários recebem salário, e 100% dos ônibus voltam a rodar em Curitiba.

Motoristas e cobradores fizeram greve após atraso no salário de dezembro.

Em 14/01/2016 Referência JCC

A greve dos motoristas e cobradores de Curitiba e Região Metropolitana, que começou na terça-feira (12), encerrou por volta das 11h10 desta quinta-feira (14). Segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), os funcionários devem retomar 100% das atividades ainda no período da manhã. Mais de dois milhões de usuários dependem do transporte público na Grande Curitiba.

A greve começou porque cerca de 7,5 mil dos 12 mil trabalhadores não tinham recebido o salário de dezembro. Após um acordo em audiência de conciliação, as empresas se comprometeram a pagar todos os salários. Para isso, a Urbs fez um aporte emergencial de R$ 3,5 milhões para as empresas. Contudo, a dívida com os funcionários era de R$ 4,5 milhões.

O restante do valor, de acordo com Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), foi pago com os repasses diários, também feitos pela Urbs, sobre o valor das passagens pagas.

Ao todo, 31 empresas coordenam 722 linhas em diversos trechos da capital e Região.

Em nota, a Setransp disse que "lamenta os transtornos à população e espera, a partir de agora, que o Sindimoc encerre as paralisações e o serviço de transporte volte a operar normalmente". 

O Sindimoc também lamentou a situação em nota e disse que agradece pelo apoio e a compreensão que os usuários de ônibus demonstraram com a categoria. "Alertamos que, ao contrário do que gostaríamos, o problema real não foi resolvido em caráter definitivo". Confira a íntegra da nota no final da reportagem.

Transtorno aos passageiros
O primeiro dia de greve causou transtornos para milhares de usuários. Muitos passageiros ficaram horas nos pontos de ônibus e terminais na esperança de pegar um coletivo, mas na maior parte dos casos isso não ocorreu.

Na quarta (13), a frota mínima nos horários de pico começou a ser cumprida e a situação começou a melhorar para quem precisava do transporte. Neste dia, muitos usuários não pagaram a passagem porque não havia cobradores nas catracas. No final do dia, mais de 60% da frota já estava em operação.

Nesta quinta, os passageiros já não enfrentaram mais tantos atrasos e filas nos pontos de ônibus. O dia começou com 83% da frota em circulação e duas empresas ainda não tinham pago os funcionários - Redentor e Araucária Filial. A última a fazer o depósito foi a Araucária Filial, por volta das 10h30.

Atrasos têm sido constantes
Esta é a segunda greve em pouco mais de um mês. No dia 1º de dezembro, motoristas e cobradores de três empresas pararam as atividades por algumas horas, também reclamando de salários atrasados.

Com a paralisação, as empresas realizaram os pagamentos. À época, a prefeitura de Curitiba realizou um aporte de recursos para garantir o pagamento dos salários.

O sindicato dos trabalhadores ingressou com um pedido de dissídio coletivo, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), para evitar novos atrasos nos pagamentos.

Após uma audiência, as empresas firmaram um acordo, no qual se comprometiam a cumprir um calendário de pagamento dos salários, que incluía também o 13º. No entanto, mesmo com o acordo, houve atrasos novamente. Para a Setransp, a a dificuldade em honrar os compromissos reside nos repasses da Urbs.

Por sua vez, a Urbs diz que está pagando as empresas adiantado e que, nesta segunda-feira  fez um repasse de R$ 1,4 milhão aos empresários para garantir os salários. Conforme a autarquia, o poder público tem prazo de dois dias para repassar às empresas os valores que recebe da tarifa paga pelos usuários. No entanto, o repasse tem sido feito logo no dia seguinte ao recebimento.

Confira a íntegra da nota divulgada pela Setransp nesta quinta-feira

"O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) informa que a Redentor e a Araucária Filial, as duas empresas que não haviam feito o pagamento integral de seus colaboradores até ontem (13), já enviaram para o banco o valor correspondente para a quitação do débito. O Setransp lamenta os transtornos à população e espera, a partir de agora, que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) encerre as paralisações e o serviço de transporte volte a operar normalmente".
 

Veja a nota divulgada pelo Sindimoc
"Motoristas e cobradores de Curitiba e Região Metropolitana vêm a público lamentar a necessidade de mais uma greve no transporte coletivo por salários atrasados e agradecer pelo apoio e a compreensão que os usuários de ônibus demonstraram com a categoria.

Alertamos que, ao contrário do que gostaríamos, o problema real não foi resolvido em caráter definitivo. Reiteramos nosso apelo para que autoridades e empresas encontrem formas definitivas de colocar fim ao problema dos atrasos salariais, que já ocorrem há três anos. O transporte coletivo de uma metrópole do porte de Curitiba não pode viver à base de remendos e paliativos. Não é justo que usuários e trabalhadores continuem sendo penalizados por sistema cada vez mais caótico.

Nós, trabalhadores, queremos apenas trabalhar e receber nossos salários. É revoltante e nos causa indignação ter que realizar greves para conseguir isso. Como disse o poeta e dramaturgo Bertold Brecht: “Que tempos são esses em que temos que lutar pelo óbvio?”.

Fonte: G1