SAÚDE

Maioria das lesões de menisco no esporte é causada por entorse

Na corrida de rua, no entanto, as lesões meniscais estão ligadas ao trauma de repetição.

Em 13/01/2018 Referência JCC - Adriano Leonardi (Foto:EuAtleta)

Os meniscos são essenciais para a biomecânica normal da articulação do joelho, agindo como lubrificadores, estabilizadores, amortecedores e distribuidores de carga dentro da articulação. As fibras de colagéno de tecido dissipam as forças de compressão na articulação, reduzindo assim a força direta sobre a cartilagem articular. A maior parte das lesões meniscais no esporte é causada por entorse do joelho. Exemplos clássicos são o lutador de jiu-jítsu que acaba jogando muito torque no joelho em flexão máxima durante a passagem de guarda ou uma bailarina que acaba se desequilibrando durante uma aterrisagem.

Na corrida, no entanto, as lesões meniscais estão ligadas ao trauma de repetição. Em outras palavras, de tanto ser utilizado na dissipação de energia cinética, o nosso “amortecedor” acaba se lesionando. Estatisticamente, a maior parte dos corredores que desenvolve a lesão tem acima dos 40 anos.

Entre os fatores ligados a isso estão a desidratação progressiva dos tecidos corporais, a degradação do colágeno (ambos geneticamente determinados) e a perda da capacidade de absorção do choque do pé ao solo pela massa muscular, tanto por redução da força, quanto pela queda da agilidade neuro-motora.

O que se sente?

As lesões meniscais causam sintomas característicos, como dor bem localizada com períodos de alívio e agravo a determinados movimentos, como agachar e cruzar as pernas, inchaço e bloqueio (travamento).

Por que dói?

A dor aguda é causada pelo menisco lesionado (rasgado) que puxa sobre a cápsula da articulação sinovial bem inervados. Inchaço resulta de inflamação da membrana sinovial e derrame (popular “agua no joelho”) por excesso de produção de líquido sinovial. Ao contrário das lesões agudas (causadas por trauma súbito), as lesões meniscais dos “quarentões” é enquadrada na categoria degenerativa.

Estas ocorrem como parte do desgaste progressivo em todo o conjunto, comum em pacientes acima de 40 anos. Estas lesões têm mínima capacidade de cura e podem ser descritas como sendo completas ou incompletas, estáveis ou instáveis e de vários padrões.

Tratamento

Ao contrário da lesão traumática aguda, a literatura é conflitante quanto ao tratamento desta categoria de lesão, principalmente entre corredores de rua a partir da quinta década de vida. Alguns autores sugerem apenas o acompanhamento clínico, pois se trataria de um processo degenerativo do joelho (artrose).

Outros são mais radicais, indicando a meniscectomia (retirada de parte do menisco a todos) devido ao risco de uma complicação pós-operatória relativamente comum, principalmente nas mulheres denominada “fratura por insuficiência”. Nela, o osso logo abaixo do menisco retirado acaba se edemaciando e causando muita dor, este procedimento, ao meu ver, deve ser sempre posto como o último recurso.

Um fator importante a ser levado em conta nestas lesões é o quanto está causando queda na performance do atleta. Quando o comprometimento é pequeno, o ideal é apenas reabilitar. Recursos anti-inflamatórios e o reequilíbrio muscular de uma fisioterapia especializada em esporte são imprescindíveis.

Quando há queda do rendimento e a dor está ligada à perda de massa muscular se pode optar pela viscossuplementação. Trata-se de um método de tratamento relativamente novo e consiste nas injeções intra-articulares de ácido hialurônico que é o mesmo componente que já existe no líquido sinovial de uma articulação saudável. Há autores que defendem seu uso em lesões meniscais degenerativas, por se tratar de um processo de envelhecimento da articulação, o líquido sinovial perderia sua capacidade funcional com a idade e com o processo de artrose, e o uso do dessas injeções de ácido hialurônico exógeno desaceleraria a degeneração. O alívio dos sintomas facilitaria no ganho de massa muscular e retorno ao esporte.