EDUCAÇÃO

Projeto bilíngue: escola de Vitória lança livro em Libras

Trabalho faz parte do projeto "Mãos que Contam e Encantam", em alusão aos sinais da Libras

Em 07/12/2023 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Juliana Rodrigues

Cada mês, uma história era explorada, inicialmente contada em Libras e seguida por atividades lúdicas e envolventes em sala de aula.

Estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ceciliano Abel de Almeida, em Itararé, apresentaram, nesta quarta-feira (06), uma versão em Língua Brasileira de Sinais (Libras) do livro "A cesta de Dona Maricota", da escritora Tatiana Belinky. A nova edição, que conta a história tanto em português quanto no sistema de sinais SignWriting, é acompanhada por fotos de três estudantes surdos narrando em Libras. O livro possui ainda um QR Code para acessar a versão completa em Libras.

O trabalho faz parte do projeto "Mãos que Contam e Encantam", em alusão aos sinais da Libras, que são feitos com as mãos. O projeto envolveu 47 estudantes ouvintes das turmas de 2º ano e quatro estudantes surdos, com idades entre 7 e 13 anos. Foram explorados ditados com participação de alunos surdos e ouvintes na quadra, interpretação a partir de releituras feitas com texto e desenhos, gramática, dramatização, matemática contextualizada, história e geografia nos diálogos sobre o tempo e espaço em que os contos são relatados, meio ambiente,  resolução de conflitos e cultura negra.

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Cada mês, uma história era explorada, inicialmente contada em Libras e seguida por atividades lúdicas e envolventes em sala de aula. Para ajudar as crianças a ampliarem seus conhecimentos, após a leitura do primeiro livro, "A cesta de Dona Maricota", os estudantes foram levados a um supermercado, onde pesquisaram sobre alimentação saudável, valor nutricional de frutas e verduras e o preço de cada item.

As atividades procuraram integrar os estudantes ouvintes e surdos em situações lúdicas que utilizavam a Libras como forma de comunicação. O objetivo central foi manter um contato frequente com a leitura e a discussão de diversos contos populares através da língua de sinais.

Para a professora bilíngue Jéssica Corrêa Augusto, é prazeroso trabalhar com contos, interpretá-los, conhecer a fantasia e o mistério que se esconde em cada história, se reconhecer em cada leitura e aprender sobre valores e princípios que podemos trazer e aplicar em nossas vidas.

"Através do conto, o professor pode despertar nos alunos o prazer pela leitura, produção de texto, pela escrita, pela ilustração, além de desenvolver a imaginação e a criatividade das crianças, oportunizando a interpretação textual. Histórias contadas em Libras oferecem aos estudantes o conhecimento de uma nova língua, além da interação entre surdos e ouvintes", comentou a educadora.

Orgulho

Produzido em pequena escala, o livro em Libras terá sete exemplares na biblioteca da escola, um exemplar para cada uma das escolas bilíngues da rede municipal de Vitória, além de um exemplar para cada estudante e para cada professor envolvido no projeto, abrindo a oportunidade para que a língua de sinais seja compreendida por um público mais amplo.

Quatro estudantes surdos tiveram participação na produção do livro: Ana Beatriz da Silva Camargo, Hugo Cardoso Santana, Ketlen Verônyca Cipriano Lopes e Matheus da Conceição de Souza. Hugo, do 6º ano C, responsável pelas ilustrações do livro, mencionou:

"Eu aprendi a desenhar a escrita de sinais e também a escrever melhor. Eu gostei da experiência!". Os estudantes Ketlen Verônyca, do 3º ano C, e Matheus, do 2º ano C, também expressaram alegria por participar. Ketlen destacou que sente felicidade e orgulho por ter feito o livro e que acha importante ter livros em Libras. "Eu ajudei a colorir o livro, que fala das frutas e da alimentação saudável", complementou a menina.

O professor de Libras surdo Davi Queiroz ressaltou a relevância da produção do livro para tornar acessível uma obra que antes não era acessível. Ele considerou a presença desse livro na biblioteca da escola como um marco significativo para a acessibilidade.s

Presença

O diretor da Emef Ceciliano Abel de Almeida, Fábio Arthur Rodrigues de Oliveira, agradeceu à equipe envolvida no projeto e destacou a importância da participação dos pais na educação dos alunos. Ele enfatizou que a presença diária na escola é essencial para o desenvolvimento das crianças.

"Nós temos crianças no Ceciliano que entraram aqui sem saber ler, escrever, sem saber interagir, e você vê ele vir aqui na frente e se apresentar, falar em Libras e já estar sabendo ler e escrever, é porque a família está trazendo para a escola. Se vocês trouxerem todos os dias, o seu filho vai aprender, o seu filho vai se tornar um cidadão, uma pessoa de bem. Para a escola fazer isso, precisa de vocês. Quando a gente fala não falte, é porque a gente sabe que criança precisa estar na escola", orientou o diretor.

A coordenadora da Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Vitória, Carla Gagno, enfatizou a importância da escola como um espaço inclusivo para todos, destacando que a Educação Especial existe para garantir que a escola seja acessível a todas as pessoas em sua integralidade.

"A Educação Especial passou a existir para dizer que a escola é lugar de todo mundo, é lugar de todas as pessoas, na sua integralidade, da forma como elas são. Essa escola diz assim: olha, aqui todo mundo vai aprender porque nós vamos ensinar diferente para os diferentes, porque os nossos direitos são iguais, mas nós somos diferentes. Aqui todo mundo vai aprender porque nós vamos ensinar Libras para todo mundo, para os ouvintes e para os surdos, porque queremos todo mundo junto, queremos que todo mundo entenda que é direito de todos aprender, trabalhar, brincar, é direito de todos ser feliz", comentou a coordenadora.

Emoção

Jéssica Corrêa Augusto, professora bilíngue envolvida no projeto, expressou sua satisfação ao ver o resultado do trabalho realizado. Ela, que alfabetiza surdos usando as Libras, enfatizou a importância de trabalhar com projetos em parceria com outros professores para o aprendizado eficaz dos estudantes, tanto dos surdos quanto dos ouvintes.

Os pais dos alunos também expressaram emoção e apoio ao projeto, destacando o impacto positivo que a iniciativa teve no aprendizado de seus filhos.

"Pra mim, eu acho lindo, tudo muito bom! Com tudo isso ele só tem a aprender mais, mais e mais", disse Moisés Alves de Souza, pai do Deyvison Pereira de Souza, do 2º ano. Já Lysandra Cardoso Correia, mãe do Hugo Cardoso, do 6º ano C, ficou muito emocionada ao ver o filho se destacando na escola: "Fiquei feliz, estava vendo que tem outras crianças também que estão aprendendo Libras. Eu estava até chorando de emoção", contou. (Secom/PMV)

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